Por Paty Souza
Por um momento pensei no quanto aquele sentimento de raiva te consumia aos poucos, e você não notava, tornava a humilhar sua melhor amiga, a trancar a porta do quarto, e a acreditar que as mentiras sempre venceriam. Eu via por trás do que você falava, via uma criança encolhida num canto, sem entender porque o pai não elogiou sua boa nota, e ignorou sua frase inteligente. Vi uma menina triste, que tratava o amor como uma invenção mediada por cabeças calculistas, que não suportariam não se encontrar nos olhos alheios, e que um dia viriam a se consumir na sua mesma raiva, e então você se sentiria vitoriosa, triunfal.
Foi mergulhada na sua raiva que senti um vento de derrota passando por minha nuca, e fui um fantoche por um momento, daqueles que podem ser manipulados com poucos movimentos. Senti toda aquela derrota de ser alguém sem sê-lo, e me perdi nas suas sensações, na incapacidade de te fazer sentir por um momento que o amor pode ser bom e real. Mesmo que não seja.
Gosto quando me encontro comigo e sinto a palavra inteira e tão humana saindo das bocas quentes e vivas, mas me aflijo quando as coisas que penso e sinto simplesmente desaparecem do mundo e eu não consigo fazer nada além de lamentar por ser fraca como todo mundo é.
Me desculpa, eu me perdi. Me desculpa, eu te perdi.
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