quinta-feira, 10 de março de 2011

Parágrafo Cotidiano


Uma menina se retorce no pequeno espaço do banheiro da escola, suas lágrimas molham o chão enquanto a palavra “gorda” ecoa em sua cabeça. Foram três meninas magras e enfadonhas que a chamaram assim. Seu pai não faz idéia do que se passa, até prefere assim. Gasta a maior parte do seu tempo escolhendo gravatas e paletós, precisa fazer jus à imagem de moço fino e educado que com tanto esforço criou. A mãe dele está no cabeleireiro, tentando explicar como quer as novas mechas do cabelo, está profundamente insatisfeita com o atendimento do salão. Seu marido acaba de discutir com o taxista, pois acha que ele poderia ter feito um caminho mais curto, quer um bom desconto do valor que foi cobrado, se sente um injustiçado. O chefe deste está muito feliz com o funcionário subserviente que arrumou, pois pode lhe delegar mais funções e passar mais tempo com a Suzi, irmã da empregada da família. A esposa do chefe cria os filhos com amor, e se sente completa ao vê-los brincando de molhar o cachorro. Sua filha mais nova é a melhor amiga da menina do início da história. Ninguém sabe que ela continua chorando no banheiro.

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